terça-feira, 7 de julho de 2015

Intoxicação alimentar por peixe é mais comum que se acredita, diz estudo.

Intoxicações provocadas por uma toxina encontrada na barracuda e outras espécies da pesca esportiva foram gravemente subestimadas na Flórida, Estados Unidos, segundo novo estudo – e o problema é muito mais comum em comunidades pesqueiras ao redor do globo do que se pensava, disse a autora principal da pesquisa.
Na Flórida, a intoxicação com a toxina ciguatera é mais elevada entre os latinos, supostamente porque eles gostam mais de comer barracuda, segundo o estudo, publicado há poucos dias em "The American Journal of Tropical Medicine and Hygiene".
A ciguatera é produzida por algas que crescem em águas quentes, e existe o risco de ela se espalhar na direção norte à medida que os oceanos se esquentam, declarou Elizabeth G. Radke, epidemiologista do Instituto de Patógenos Emergentes da Universidade da Flórida e principal autora do estudo.
A toxina é ingerida por peixes de corais que comem a vegetação e se concentra nos predadores maiores que os devoram. Os níveis mais elevados são encontrados na barracuda, mas ela também é encontrada na garoupa, olho-de-boi, bodião-de-pluma, luciano, cavala e dourado-do-mar. Congelar ou cozinhar não afeta a toxina.
"Nós recomendamos que não se coma barracuda", disse Radke. No caso das outras espécies, comuns em peixarias, "é uma boa ideia estar ciente de que se está correndo um risco. Se você passar mal, procure um médico, conte que comeu peixe e, caso tenha sobrado peixe, congele para que ele possa ser examinado".
De acordo com a pesquisadora, peixes pescados nas águas mais frias do Hemisfério Norte apresentam menor probabilidade de ter a toxina, mas o risco não é zero porque os peixes migram.
Vômito severo num período de três horas após a ingestão do peixe é o sintoma mais comum, mas algumas pessoas sentem dor e formigamento na boca, mãos, pés e, às vezes, fraqueza nas pernas. A maioria se recupera, mas, em alguns casos, os sintomas neurológicos, como sentir quente uma superfície fria e vice-versa, se prolongam durante meses.
Não existe tratamento específico, embora o manitol, tipo de açúcar com muitas aplicações médicas, pareça ajudar, explicou Radke.
O estudo de Radke foi acrescido da análise de relatos de intoxicação e de uma pesquisa via e-mail com mais de cinco mil pescadores esportivos. A intoxicação por ciguatera deve ser informada às autoridades da Flórida ao ser diagnosticada pelos médicos; a estimativa oficial é de um caso a cada 500 mil moradores por ano.
O estudo de Radke estimou que o problema fosse 28 vezes mais comum. A intoxicação por ciguatera ocorre com mais frequência em pessoas que pescam ao redor de Miami, do arquipélago Flórida Keys e nas Bahamas, mas é rara no norte da Flórida. A intoxicação é três vezes mais comum entre pessoas de origem latina do que as de outros grupos étnicos.
Esse tipo de intoxicação alimentar é bem conhecido em áreas ao redor de águas quentes no Caribe, Pacífico Sul e no Oceano Índico, disse a cientista. Pesquisa realizada por ela em São Tomás, Ilhas Virgens Americanas, constatou que 25 por cento dos moradores já tiveram o problema e, metade deles, apresentaram sintomas que duraram mais de três meses.

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